“O Colecionador”: um clássico suspense psicológico capaz de cativar quem lê

ana guelere
literato
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2 min readAug 19, 2021

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John Fowles provavelmente atingiu seu propósito quando criou “O Colecionador”: o clássico de 1963 ganhou espaço na editora Darkside em 2018 por abordar um suspense psicológico que nos faz virar do avesso. Traduzido ao português por Antônio Tibau, a história é feita em uma narrativa que varia entre personagens retratando um homem amargurado em relação à sociedade, Clegg (ou Ferdinad, ou Caliban), e sua obsessão por Miranda Grey, uma inteligente estudante de arte que possui difícil personalidade, defensora de fortes ideias.

Clegg é um colecionador de borboletas que não mediu esforços para tê-la por perto ao sequestrá-la e prendê-la num chalé, a obrigando a conviver com ele e acreditando fielmente que o amaria, mas colocando até mesmo seus planos em xeque ao conhecer Miranda verdadeiramente. Dessa forma, nasce um dilema sobre a mentalidade dos protagonistas e seus limites no decorrer do livro pelas constantes alfinetadas trocadas por conta de suas diferenças: para Caliban, apelido dado pela vítima ao sequestrador, a jovem pode ter um pé no mundo que ele despreza.

A edição conta com uma introdução feita por Stephen King que aponta todo o envolvimento filosófico, político e romântico na obra. Trata-se de uma leitura de boa compreensão com uma escrita direta, plenamente fluida e, em certos momentos, poética referindo-se a Miranda Grey e suas anotações feitas num bloco de notas enquanto presa em cativeiro. Essa era sua forma de desabafo durante o tempo em que se comparava com as borboletas do colecionador, sendo ela a mais rara:

“Sou uma entre uma fileira de espécimes. É quando tento bater as asas que ele me odeia”.

Fotografia da edição da DarksideBooks.

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ana guelere
literato

crio e reviso. convivo com a poesia desde dois mil e alguma coisa. @casmurromorreu.